2018-04-03
Texto: Carlos A Henriques
O acrónimo DIT deve a sua origem ao termo Digital Image Technician, e, tal como a sua tradução literal implica, ou seja, Técnico de Imagem Digital, o mesmo passou a fazer prática do dia-a-dia do léxico cinematográfico.
Mas, quais as funções específicas deste Técnico e qual a dependência hierárquica do mesmo dentro da equipa envolvida na rodagem de um filme?
O abandono paulatino da Película, enquanto suporte de rodagem de qualquer Obra Cinematográfica, em favor do Digital tem levado todas as áreas da indústria a repensar a constituição mais adequada das equipas de modo a fazer uma frente eficaz às necessidades entretanto criadas.
O aparecimento da figura DIT fica a dever-se à cinematografia digital e não ao processo natural de desenvolvimento da indústria dentro dos conceitos tradicionais, razão pela qual é, ainda hoje, mal aceite por muitos profissionais e suportado, naturalmente, por alguns, dada a necessidade do seu recrutamento obrigar, na grande maioria dos casos, ao recurso a elementos fora dos circuitos entretanto estabelecidos, implicando uma integração a todos os níveis deste novo elemento constituinte da equipa.
Mas, qual é o território de actuação de um DIT e quais deverão ser os seus antecedentes?
Em princípio um DIT tem que ter uma boa ou mesmo uma sólida noção de edição, assim como saberes sobre o tratamento da imagem, vulgo controlo de câmara em Televisão, associado ao de Colorista, em Cinema, pois em determinadas produções o ideal é o material a transitar para a edição conter já o aspecto final, dependendo esta opção à filosofia empregue, pois de acordo com outra corrente tal só deverá acontecer na colorização final.
Por outro lado, dada a dependência hierárquica do DIT do Director de Fotografia, a postura deste no plateau depende do modo como aquele o encara, ou seja, se pretende um ajudante técnico para áreas que o mesmo ainda não domina, ou, se pelo contrário, vê no desempenho do DIT um Colorista em plena rodagem, obtendo da parte deste uma extensão do processo criativo de iluminação.
Ferramenta do DIT
Em termos latos, é missão do DIT:
Verifica-se, pelas suas atribuições, que o DIT é o elemento fundamental de interface entre o plateau e a pós-produção, daí o elevado espírito de cooperação exigido entre estas duas áreas de actuação.
DIT em acção
É norma no estrangeiro o aluguer do denominado “DIT Kit”, ou seja, de um pacote de serviços no qual se inclui o DIT, propriamente dito, e o equipamento achado necessário a ser manuseado por aquele, havendo, também, organismos que promovem Cursos de Formação específica, nalguns casos com a duração de dois anos.
Tal como aconteceu no passado com a criação de Associações a nível mundial de Directores de Fotografia, com os DIT está a acontecer algo parecido, dado que estes, sendo considerados técnicos envolvidos no processo criativo, carecem de uma Organização superior que oriente e certifique as suas valências, exigindo da parte dos seus elementos uma resposta cabal a preceitos comummente aceites.
Com a entrada definitiva do conceito HDR (High Dynamic Range) no Cinema, a acção do DIT passou a ser, definitivamente, a de uma mais valia para um trabalho cinematográfico de elevado nível técnico/artístico, em especial nas resoluções iguais ou superiores a 4K.