2017-05-31
Texto: Nuno Tavares
A Televisão Pública Japonesa, NHK, através do seu Centro de Investigação e Desenvolvimento, esteve desde sempre ligada à busca incessante de novas tecnologias no campo da Televisão, como aconteceu em 1995 com a Ultra-Alta Definição tipo II (UHD-II), ou seja, a antiga 8K, a qual foi sempre designada pelos japoneses por Super Hi-Vision (SHV).
Passados nove anos, ou seja, em 2004, o sistema já tinha alcançado a maioria das características inicialmente pretendidas, que o mesmo é dizer, com mais do que 4.000 linhas na constituição da imagem e com um sistema reprodutor de áudio multicanal jamais alcançado, o 22.2, situação que se mantém nos dias de hoje.
Sistema áudio 22.2
A primeira demonstração pública do sistema Super Hi-Vision foi feita, com um enorme sucesso, na Expo 2005, em Aichi (Japão), tendo-se recorrido, então, a um ecrã com uma diagonal de 200” (5,8m). Face aos resultados alcançados o Kyushu National Museum adoptou o sistema para a reprodução de imagens fixas de peças de arte, preservando-se, deste modo, os originais à acção das luzes, em especial dos flashes disparados pelas centenas de máquinas que invadiam diariamente o museu. Foi, também, neste ano que se concretizou, com bons resultados, a primeira experiência live feed com a transmissão a ser feita sem qualquer compressão e com recurso a uma fibra óptica.
Câmara SHV primitiva
Em 2006 foi a vez da NAB e da IBC desfrutarem desta maravilha da técnica através de demonstrações feitas num espaço, tipo sala de Cinema, tendo-se usado dois projectores digitais, um para as linhas ímpares e outro para as linhas par.
Demonstrações SHV
Participámos como espectadores nestas demonstrações e é com agrado que relembramos, ainda hoje, tal experiência, única na sua espetacularidade, indicando-nos, naquele momento, que o futuro da película, enquanto suporte de Cinema, estava condenado. sendo esta substituída pelo Digital, tanto na captação, pós-produção e distribuição, assim como na própria exibição, tendo-se optado pelo 4K (4096x2160) e pelo 8K (8192x4320) e a Televisão, que à data recorria às normas SD (Standard Definition) e HD (High Definition-720p, 1080i e 1080p), tinha que pensar em novos percursos, o que veio a acontecer, em 2012 com a Ultra-Alta Definição-1 (“4K”) e em 2016 com a Ultra-Alta Definição-2 (“8K”).
Evolução das câmaras
Um dos problemas com que sempre a Super Hi-Vision se deparou teve a ver com o elevado bit rate a utilizar, e, como consequência, da necessidade de uma largura de banda deveras alargada na sua transmissão, o que levou a NHK a fazer uma experiência live, via satélite, recorrendo-se a vários canais de vídeo e a um projector full resolution para efeitos de visionamento no laboratório da NHK, em Tóquio.
Transmissão SHV por cabo, IP e Satélite
Em 2010, durante a ocorrência da IBC, a NHK fez, em colaboração com a BBC e a NTT, e outros, uma experiência extraordinária no campo da contribuição externa de conteúdos, recorrendo-se a redes IP na ligação entre Londres e Tóquio. Os participantes da IBC interessados nestes desenvolvimentos puderam assistir a esta experiência a qual redundou, uma vez mais, num tremendo sucesso.
A entrada do IP nas altas resoluções
O primeiro televisor Super Hi-Vision, um LCD de 85”, só em 2011 é que teve direito a exposição, sendo este a peça de “luxo” da IBC deste ano. No ano seguinte foi a vez de um televisor de plasma de 145” a permitir o visionamento das imagens entretanto trabalhadas pela NHK, recorrendo-se, para a sua captação, a uma câmara compacta, do tamanho de uma tradicional câmara HD, isto graças ao desenvolvimento de um sensor com um frame rate de 120Hz. Entretanto, durante a CES 2016, foi lançado o primeiro televisor UHD-II do tipo OLED, devendo-se tal façanha ao domínio nesta área por parte da LG.
OLED LG-A melhor resposta à SHV
A realização dos Jogos Olímpicos de Londres foram uma óptima oportunidade para testar o sistema, aliás como veio a acontecer no Mundial de Futebol do Brasil (2014) e dois anos mais tarde nos Jogos do Rio de Janeiro (2016) com a transmissão via satélite para o Japão de 100 horas de material. A ITU-R recomendou, em 2012, a Super Hi-Vision como standard internacional para a transmissão de programas de Televisão.
Entretanto foram-se concretizando outras acções tais como a transmissão através do cabo (2013), a adopção no mesmo ano do algoritmo de compressão HEVC e do lançamento da câmara compacta Cube, a qual cabia na palma da mão.
Câmara CUBE
Entretanto, a indústria tem respondido com novos modelos de câmaras e todo o tipo de equipamento para corresponder à demanda das produtoras de Televisão que se começam, agora, a preparar para fazer frente às necessidades que a NHK e outras estações vão ter quando em 2018 passar as actuais emissões experimentais para emissões regulares 24/7, rumo aos Jogos Olímpicos de Tóquio, que terão lugar em 2020, sendo a captação feita a 100% com a norma Super Hi-Vision (UHD-II).
Câmara Canon 8K (Cinema)
No que respeita às câmaras o destaque vai para a F65 (Sony), AH-4800 (Astro Design), Alexa 65mm (ARRI), Weapan e EPIC (RED), Millennium DXL (Panavision) e a SHK-810 (Ikegami), Hero (Canon).
Câmara 8K Millennium DXL Panavision