CADA VEZ MAIS PRESENTE NAS NOSSAS VIDAS
26/05/2024
Texto: Carlos Alberto Henriques
Os avanços tecnológicos, em vários domínios, sofreram um aumento significativo com a entrada do século XXI face ao modo como enfrentamos o mundo tal como este agora se nos apresenta, isto por “culpa” dos sistemas digitais a que a nossa civilização tem estado a ser confrontada, havendo uma grande responsabilidade, por tal facto, atribuível ao desenvolvimento da informática e o seu encaixe cada vez mais universal desde as camadas mais jovens aos cidadãos de idade mais avançada. A Tecnologia Háptica é uma das áreas que nos toca profundamente, razão pela qual nos conduziu à concepção do presente texto.
O sentido do tacto
Mas, o que é, de facto, a Tecnologia Háptica?
Em termos muito genéricos, a palavra Háptica diz respeito à ciência e seu envolvimento no sentido humano do tacto (sensorial), tendo esta a sua origem na palavra grega “Haptikos”, fazendo, portanto, parte da mesma a capacidade da percepção e manipulação de objectos tendo como auxiliar o recurso ao toque. O seu uso encontra, cada vez mais, adeptos em vários domínios, sendo comum a sua integração nos telemóveis mais avançados, os smartphones, nos jogos de vídeo, em sistemas de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA), até como auxiliares no campo das consultas médicas remotas e presenciais, abrangendo, portanto, uma enorme variedade de disciplinas, nas quais se podem incluir a engenharia, a neurociência, a ciência dos materiais, a psicologia e como não podia deixar de ser o Cinema, a Televisão e o Multimédia.
Os vários sentidos em acção
A percepção táctil humana corresponde a um processo muito complexo havendo para o efeito o contributo da pele, na qual os receptores sensoriais detectam estímulos como pressão, temperatura e vibrações, sendo estes transmitidos, de seguida, ao sistema nervoso central, cabendo ao cérebro a interpretação dos mesmos, o que nos confere a capacidade de interpretação de texturas, formas, resistência, movimentos e outros.
Entrando, agora, nas aplicações da Tecnologia Háptica ao mundo do Audiovisual, como a Apple Vision Pro e o recentemente anunciado Meta Quest Pro 2, assim como a sua utilização em ambientes de Realidade Virtual, Realidade Aumentada , confere ao interveniente um estado de imersão quase total, bastando para o efeito o recurso a um Head Set conveniente, assim como luvas devidamente apetrechadas para o efeito, para que a exploração do mundo virtual seja mais “real”, pois torna-se possível, para além da visão, tocar e interagir em ambientes simulados com um objecto virtual e sentir a sua forma, temperatura e até a sua dureza.
O mundo do virtual quase total
A Formação Profissional é outro campo muito interessante de aplicação da Tecnologia Háptica pois com o recurso a simuladores hápticos o treino torna-se mais real sem que haja qualquer espécie de perigo para os intervenientes como acontece no treino de Pilotos e Técnicos de Manutenção de aviões ou numa cirurgia médica deveras complicada.
Simulador de Voo
No campo da reeducação e reabilitação os préstimos são, para já extraordinários, quando aplicados a pessoas com deficiências motoras e/ou sensoriais, graças ao recurso a exercícios e actividades que tenham como mote a estimulação do sentido do tacto.
O sentido do tacto associado ao da visão
Em especial para o usuário de streaming, estão a ser desenvolvidas experiências na Televisão Pública Japonesa (NHK) no sentido de determinarem como a sensação ao toque pode ser usada para melhorar o grau de imersão quando se trata de transmissões virtuais em directo, em especial que visam a cobertura de eventos desportivos, tal como vai acontecer com a realização dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, assim como as provas europeias da responsabilidade da UEFA.
Jogos Olímpicos 2024 (Paris)
Os ambientes móveis de Realidade Virtual exigem da parte das comunicações que estas apresentem alta velocidade e baixa latência, pelo que de imediato o recurso ao 5G, e mais tarde ao 6G, é fundamental, pois caso se queira recorrer à Internet para a transmissão de sensações tácteis em tempo real, a latência não pode ultrapassar 1ms (milisegundo=10-3) para que o sistema neurológico humano não dissocie as sensações do estímulo visual.
No que diz respeito ao hardware a que a Tecnologia Háptica recorre, esta obriga a uma atenção muito especial, dado que actualmente a grande maioria dos dispositivos é pesada e volumosa o que implica uma dificuldade aumentada no que respeita às movimentações do utilizador, prejudicando grandemente a envolvência no meio virtual pretendida, dificultando, deste modo, a interoperacionalidade entre os diferentes dispositivos utilizados.
Actos médicos mais precisos
A Tecnologia Háptica actual tem-se restringido a sistemas no domínio vibro-tácteis, contudo, graças aos avanços promissores na área da ciência dos materiais, assim como no das tecnologias vestíveis, dão-nos boas indicações sobre o futuro da mesma, nomeadamente o recurso a trajes de corpo inteiro e luvas avançadas com a capacidade de tornarem possível ao utilizador experimentar sensações especiais como calor e texturas.
Em termos de conclusões a tirar sobre o exposto, podemos afirmar que a Tecnologia Háptica está a dar um excelente contributo no modo como o ser humano está, cada vez mais, a dialogar com o mundo digital, estando previstos até finais da presente década mais e interessantes desenvolvimentos neste campo o que nos irá conduzir a um novo modo de viver a vida, ao conceito e execução do que se entende por trabalho, para além do universo do divertimento puro, o qual irá ser, definitivamente, mais intenso, interessante e digno desse nome.
O Tacto na Sua Expressão Máxima
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