Aceitando como verdadeiro o facto de que todos os povos do Mundo desejam estar, relativamente a um dado tema, num patamar superior, ou, no limite, idêntico ao alcançado pelos mais directos concorrentes, a história da Fotografia e do Cinema encontra, nesse aspecto, um vasto campo de competição, ao ponto de se levantarem dúvidas sobre quem foi de facto o inventor desta ou daquela técnica.
Edward Raymond Turner
Contra todas as teorias e práticas demonstradas com os registos de patentes e aceites pela comunidade internacional, o primeiro filme a cores foi rodado, de facto, em 1902, deitando por terra a anterior data que apontava o ano de 1909 como o correspondente a tão importante passo na indústria cinematográfica, sendo o mesmo encontrado numa lata de armazenamento, em Bradford, pelo Director do National Media Museum (Inglaterra), concebido num sistema explorado por Edward Raymond Turner.
O sistema de processamento químico utilizado em 1909, o Kinemacolour, desenvolvido, também, em Inglaterra por George Albert Smith, era tecnicamente inferior ao que passou a ser agora considerado o 1º filme a cores.
Fotograma do primeiro filme a cores
Em termos genéricos, o sistema Kinemacolour baseava-se na captação e projecção alternada de duas cores primárias, o vermelho e o verde, a partir de uma película a preto e branco.
Como naquela época o chamado frame rate era de 16 imagens por segundo, ao proceder-se à captação e à projecção captavam-se e projectavam-se 32 imagens por segundo, colocando-se defronte das objectivas, na máquina de filmar e no projector, um filtro rotativo, sendo este sincronizado de modo a que luz captada e projectada correspondente ao vermelho atravessa-se o filtro vermelho, procedendo-se do mesmo modo com o respeitante ao verde, não havendo na película qualquer registo de cor, mas, apenas e só, nuances de transparências respeitantes à maior ou menor luminosidade dos objectos captados.
O sistema utilizado por Edward Raymond Turner recorria a três cores primárias, concretamente à vermelha, verde e azul, sendo empregue do mesmo modo o recurso a discos rotativos defronte das objectivas, tornando-o, por tal razão muito mais abrangente e eficiente na reprodução cromática.
Chama-se a atenção para o facto de nos estarmos a referir a sistemas a cores cujo processamento químico se faz na própria película e não nos processos anteriores em que a colorização era manual e feita fotograma-a-fotograma, tal como Georges Méliés na sua “Le Voyage dans la Lune” (1902).
O filme foi restaurado recorrendo-se a um cuidado procedimento digital, após a conversão do formato original da película em 38mm para o equivalente a 35mm, sendo o mesmo mostrado neste seu novo suporte a quem visita o Museu.
A BBC de Londres fez um interessantíssimo documentário sobre este achado precioso, com a contribuição da crítica de Cinema e Jornalista Antónia Quirke, tendo o mesmo sido emitido a 17 de Setembro de 2012, dando-lhe o título de:
“The Race For Colour”.
O sucesso foi enorme e a história tecnológica do Cinema, definitivamente, alterada.
Michael Harvey, Director do National Media Museum
O conceituado Realizador Martin Scorssesse face à descoberta disse:
“Esta descoberta, assim como o próprio filme, é algo único e muito, muito especial”
A Technicolor só foi criada em 1914 e a câmara com três películas virgens só surgiu em 1932.