A IBC reserva sempre um dia para os aficionados do 3D no Grande Auditório, sendo a presente edição dedicada, no período da manhã, ao Cinema, e, o período da tarde, à Televisão.
No que respeita ao Cinema 3D a sessão que despertou um grande entusiasmo da audiência teve a ver com a apresentação de Steve Schklair, da empresa americana 3ALITY, o qual relatou as dificuldades que defrontou com a rodagem do filme U2-3D, em que participaram os U2 numa digressão pela América Latina.
Em primeiro lugar o ser humano não faz “zoom’s”, “travelling’s”, pan’s, cut’s e demais acções que o Cinema introduziu para o tornar mais eficaz no modo de tratar as sequencias de imagem.
Só que agora, a informação que se dá aos nossos sentidos com os filmes ou programas de Televisão em 3D é a de que se está a ver a Natureza e não um ecrã.
Ora, aqui reside a primeira dificuldade, pois em Cinema e Televisão o que se está a observar são imagens estereoscópicas, ou seja, imagens em que se simula a realidade através da inclusão do elemento profundidade.
Só que este elemento não mais faz do que “enganar” o sistema visual humano, pois a verdadeira 3ª dimensão só é possível ser reproduzida através da holografia.
Devido à necessidade de compatibilidade entre a captação e o sistema visual, a 3ALITY desenvolveu um “rig” que permite às câmaras, no acto de captação, apresentarem um comportamento concordante com a visão dos seres humanos.
Ora foi na demonstração de como é que tudo se passa, que a 3ALITY fez, pela primeira vez, e ao vivo, para todos os que se deslocaram à IBC, pois finalmente foi possível entender, de facto, a problemática da captação de imagens tridimensionais.
Por tal razão, a equipa de Steve Schklair instalou na “praia” da IBC todo o aparato necessário, a qual, às ordens do apresentador nos mostrou, problema-a-problema, o que de facto se passava e o modo de como resolver cada uma das situações.
Dada a importância destes testes/demonstração, iremos dedicar um texto mais longo sobre os mesmos.
Numa outra sessão foi abordado o tema da legendagem 3D, tendo esta que ser encarada de um modo diferente daquela que se processa nos dias que correm com a legendagem 2D.
É que a suposta visão tridimensional não pode ser prejudicada com as estáticas e tradicionais legendas, sempre na parte inferior da imagem e no plano do ecrã, pelo que os estudos, entretanto desenvolvidos, aconselham a uma legendagem participativa com as cenas a legendar, ou seja, ao apresentar-se um plano com profundidade notória a legenda deverá acompanhar essa mesma profundidade, sendo as letras em 3D.
No capítulo da Televisão 3D, a principal luta estabeleceu-se entre Brian Lenz da BSkyB e Hans Hoffman da EBU, com pontos de vista opostos sobre o futuro da Televisão tridimensional na Europa.
Para o representante da EBU, ainda é muito cedo para as estações emissoras se preocuparem com esta nova tecnologia, até porque se está ainda na fase da introdução da Televisão Digital, os televisores ainda estão no período de desenvolvimento, mas, o pior de tudo são os “carris” para transportar toda esta informação, ou seja, ainda não há uma norma discutida e aceite pelos “partners”.
A resposta do representante da BSkyB não se fez esperar, pois segundo a sua organização é tempo de se recolherem conteúdos, porque sem eles, mesmo com a norma de transmissão aprovada por todos, não haverá nada para transmitir.
A BSkayB tem actualmente cinco canais de desporto em HD, nove para filmes, também HD, num “bouquet” HD de 33 canais, estando a preparar-se para na Primavera de 2010 disponibilizar um canal desporto 24/7 totalmente em 3D, via satélite.
A BBC também se encontra na corrida, transmitindo entre outros programas, em especial desporto, o programa “Are You Smarter Than a 10 Year Old”?
No que respeita à tecnologia empregue nos televisores a corrida trava-se entre os aparelhos que carecem de óculos e aqueles que os dispensam na totalidade.
Em termos de opinião pessoal, apesar da empresa francesa Alioscopy ter apresentado um televisor que se aproxima do modelo ideal para visionamento sem óculos, são ainda os sistemas que recorrem ao uso de óculos os grandes vencedores de momento, dado permitirem ver televisão com a qualidade apresentada nas salas de cinema.